Terça, 25
Fevereiro 2014 13:42
No bairro da Copa as calçadas são para “inglês ver”
- edição 208 Destaque Escrito por Da Redação
No centro
do bairro que vai sediar a abertura da Copa do Mundo: Itaquera,
diversas calçadas estão sendo edificadas com os chamados bloquetes
intertravados, espécie de tijolo ecológico que supostamente permite
maior vazão das águas das chuvas e em meio a obra não faltam polêmicas,
entre elas: comerciantes contemplados com as calçadas e outros não,
falta de acessibilidade em desacordo com a Lei das Calçadas e até o
suposto não pagamento de operários da obra, que simplesmente
abandonaram o serviço, como informou um integrante do Partido dos
Trabalhadores que pediu o anonimato.
O trecho visitado por Valdir Timóteo e pela reportagem do Fato Paulista compreende as ruas Ignácio Alves de Matos, Ken Sugaya e Américo Salvador Noveli. Isso mesmo! Um simples quarteirão e com tantos problemas na obra orçada em R$ 299.942,88, com recursos oriundos através de emenda orçamentária. Vale destacar que o valor total da emenda é de R$ 839.007,62 contemplando mais dois trechos do centro de Itaquera: avenida Campanella entre a avenida Nova Radial e rua Alexandre M Moraes e outro trecho que compreende também as ruas Ken Sugaya e Américo Salvador Novelli mais a rua Heitor.
Um dos trechos visitado por Valdir Timóteo é a esquina das ruas Ignácio Alves de Matos com Ken Sugaya onde não existe nenhuma possibilidade de acessibilidade. “A calçada deve acompanhar a guia, aqui na rua Ignácio Alves de Matos, eles deveriam ter rebaixado a rua, fizeram o asfalto novo e porque não modificaram e fizeram certo. Aqui não tem condições nenhuma de descer, nem deficiente físico, nem idoso, qualquer pessoa pode cair aqui”, explicou.
Em frente a farmácia de manipulação na rua Ken Sugaya, o lider do Inclusão Já também apontou erros como a instalação do piso tátil. “Se o deficiente visual seguir pelo piso tátil bate no poste que está a frente, aliás, o piso tátil deveria estar em todo o passeio e não em pequenos trechos”, comentou e completa: “A calçada deve ter 1,20 de largura livre sem ondulação, por exemplo, aqui em frente ao 99, é inviável, a altura da ondulação que fizeram, eles privilegiaram a entrada do carro, e não o pedestre e a acessibilidade”.
No pequeno trecho onde foram gastos cerca de R$ 300 mil, Valdir Timóteo apontou mais pontos onde a cadeira de rodas pode tombar. “Tem muitos locais aqui que deveriam refazer e respeitar a acessibilidade”, explicou.
Já na frente ao fast-food localizada na esquina da Ken Sugaya com Victório Santin, mais problemas, já que a calçada recém feita está toda danificada e segundo Valdir constatou é totalmente inviável descer com a cadeira de rodas. Do outro lado da rua, tem uma árvore na calçada, que é impossível passar qualquer pedestre e ainda mais um cadeirante.
Quem vai pagar a conta?
De acordo com a Prefeitura Municipal de São Paulo o Programa de Recuperação de Calçadas prevê a padronização e a acessibilidade dos passeios em toda a cidade, as calçadas dos imóveis particulares também devem ser reformadas. Ainda segundo a PMSP “o proprietário do imóvel, comercial ou residencial, é responsável pela conservação, manutenção e reforma da sua calçada. Calçadas em situação irregular ou em mau estado de conservação são passíveis de multa” .
Em 2013, a Prefeitura sancionou uma nova legislação sobre calçadas. As regras estabelecem que a responsabilidade pela construção, conservação, reforma e manutenção das calçadas, que antes era apenas do proprietário do imóvel, cabe também ao usuário (locatário) do local, seja ele comercial ou residencial.
Alardeado como o “grande mentor” das novas calçadas em Itaquera, o subprefeito Guilherme Henrique de Paula em textos divulgados pela assessoria do vereador Paulo Frange, tem agora um grande desafio pela frente – ao menos se continuar no cargo -. O grande desafio vai ser explicar para os comerciantes que não foram contemplados com as calçadas o motivo da diferenciação. “Perguntei a eles (operários da obra) por que a calçada não vinha até o meu comércio e eles disseram que era direto com o encarregado”, comentou um comerciante localizado no centro de Itaquera. Neste dia a reportagem do Fato Paulista esteve no local e conversou com os operários que afirmaram que não trabalhavam para a Ematec Sistemas e sim eram sub-empreitados e vieram do município de Diadema. Vale destacar que neste dia os funcionários não trabalhavam uniformizados.
Ainda segundo um integrante do Partido dos Trabalhadores – que pediu o anonimato – os operários sub-empreitados abandonaram a obra por “não estarem recebendo”.
Questões a serem respondidas
1) Se de
acordo com a própria PMSP as calçadas são de responsabilidade dos
proprietários dos imóveis, quem vai pagar as calçadas que estão sendo
feitas com recursos públicos?
2) Empreiteira licitada pela PMSP pode sub-empreitar obra?
3) Como empreiteira que – supostamente – não possui mão de obra própria pode ganhar licitação na Subprefeitura de Itaquera?
4) Porque foi realizada uma obra de calçada com dinheiro público se de acordo com a Lei cada proprietário de imóvel é responsável pela execução e manutenção da própria calçada?
2) Empreiteira licitada pela PMSP pode sub-empreitar obra?
3) Como empreiteira que – supostamente – não possui mão de obra própria pode ganhar licitação na Subprefeitura de Itaquera?
4) Porque foi realizada uma obra de calçada com dinheiro público se de acordo com a Lei cada proprietário de imóvel é responsável pela execução e manutenção da própria calçada?
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